Achados e perdidos: arqueologia de uma casa

Palavras chaves: memória, casa, objetos, tempo, espaço.

Achados e perdidos: arqueologia de uma casa
Instalação, Clébson Francisco – 2019

Objetos diversos arqueológicos da casa 70 da Travessa Santiago dispostos sobre mesa de madeira. Dimensões variadas.

Em exposição na coletiva TERRITÓRIOS SOMOS NÓS – 1º SALÃO DE ARTISTAS SEM CASA, em cartaz na Carnaúba Cultural (Fortaleza, junho de 2019).

Essa obra integra a exposição individual NENHUM CAMINHO NÃO LEVA A NENHUM LUGAR.

Sobre a obra

O que eu perco na minha casa? O que eu encontro nela? De quem era isso? Com quem deveria estar? “Achados e perdidos” parte de uma investigação sobre a memória a partir de uma relação da pesquisa processual com práticas arqueológicas autobiográficas. Pensando e formulando ativações sobre objetos encontros dentro de minha casa, que numa prática de acúmulo, inventário, catalogação e ficção, reconfigura os objetos e transforma-os em objetos arqueológicos. Relações entre objetos, signos e sujeitos, atualiza a categoria arqueológica ao inserir a memória de uma casa como dispositivo de criação visual e de reestruturação do sentido e da forma.

Um método, que se constitui também um gesto, de encontrar objetos e os catalogar, e nessa catalogação, também (re) inventá-los, num processo de formulação de olhares sobre/com eles. Os objetos encontrados pelas gavetas, debaixo das camas e escondidos nos armários, deixam de serem coisas insignificantes e passam a ganhar uma reconfiguração poética, incorporando então novos valores, de caráter mais simbólico e, em certa medida, menos realista.

O deslocamento dos objetos, criando movimentos, costurando uma narrativa que não necessariamente abandone a sua narrativa inicial, mas que consiga tecer uma nova. A pesquisa existe enquanto apropriação, acumulo, matéria, e sobretudo, processo de ressignificação de uma memória coletiva e individual. O resultado da perda e do encontro de objetos dentro de minha casa, é a construção um grande mapa afetivo que busca entender a subjetividade de objetos que falam de pequenos e grandes ciclos de vidas. Os instantes, as sobras. As contaminações, atravessamentos. Solturas. O que somos e o que a memória deixa impresso no imaginário de quem chega, de quem vê e de quem sente.

Foto: Luly Pinheiro

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